Aprendendo a observar

Você sabe o que é a Comunicação Não-Violenta?

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Aprendendo a observar

A observação é um dos passos fundamentais para a Comunicação Não Violenta. Neste material, abordaremos como ela funciona – tanto conceitualmente quanto na prática! Quanto mais conhecemos a forma como nos comunicamos com os outros, mais fortalecidos se tornam nossos relacionamentos.

A Comunicação Não Violenta (CNV) é um poderoso modelo de comunicação, mas vai muito além disso: é um modo de ser, de pensar e viver.

Esta abordagem da comunicação enfatiza que a motivação para agir é a compaixão, e não o medo, a vergonha, a culpa, a coerção, ameaça ou punição. Além disso, permite nos dizer com clareza o que está vivo em nós – sem análise ou crítica, e sem colocar a culpa no outro.

Esse modo de se comunicar foca em como as necessidades dos outros estão sendo atendidas e, caso não estejam, o que pode ser feito nesse sentido. Além disso, nos mostra como devemos nos expressar de modo a aumentar as chances de que os outros contribuam voluntariamente para nosso bem-estar e para a construção de um ambiente saudável.

Existem alguns sentimentos comuns a todos nós quando as nossas necessidades são atendidas ou não.

Como eu me sinto quando…


Minhas
necessidades são atendidas


Minhas
necessidades não são atendidas

Maravilhado
Confortável
Confiante
Avido
Cheio de energia
Realizado
Seguro
Esperançoso
Inspirado
Fascinado
Alegre
Comovido
Otimista
Orgulhoso
Aliviado
Estimulado
Surpreso
Grato
Tocado
Confiante

Zangado
Incomodado
Preocupado
Confuso
Decepcionado
Desanimado
Angustiado
Envergonhado
Frustrado
Indefeso
Desesperado
Impaciente
Irritado
Solitário
Nervoso
Sobrecarregado
Desconcertado
Relutante
Triste
Desconfortável

A CNV é composta por quatro partes:

  1. Observação
  2. Sentimento
  3. Necessidades
  4. Pedidos

Daremos um enfoque hoje na Observação.

Observar é o primeiro passo para expressar com clareza e autenticidade. Na observação, descrevemos o que é captado por nossos sentidos com o máximo de riqueza possível evitando adicionar qualquer elemento que venha de uma opinião ou interpretação do que está sendo descrito. Contra fatos não há argumentos

Como distinguir observações de avaliações?

Aos fazermos uma avaliação, estamos atribuindo valor ao que está sendo observado. E o perigo mora aí: quando misturamos observação com avaliação, passamos ao outro nossa forma de interpretar como se fosse um fato observável. Além de ser um elemento de forte manipulação, pode soar como crítica e, no lugar de se concentrar na mensagem que queremos passar, as pessoas vão se concentrar em se defender do que é dito. Origem de um possível conflito e desentendimento!

A ideia aqui não é formar comportamentos automatizados na comunicação: basta treinarmos a separação entre nossas observações (objetivas) e nossos julgamentos (subjetivos).

Leia os textos abaixo e reflita sobre a forma como lida com as observações ou avaliações:

Texto 1

Posso lidar com você me dizendo
O que eu fiz ou deixei de fazer.
E posso lidar com suas interpretações.
Mas, por favor, não misture as duas coisas.

Se você quer deixar qualquer assunto confuso,
Posso lhe dizer como fazer:
Misture o que eu faço
Com a maneira que você reage a isso.

Diga-me que você está decepcionada
Com as tarefas inacabadas que você vê,
Mas me chamar de “irresponsável”
Não é um modo de me motivar…

Sim, posso lidar com você me dizendo
O que fiz ou deixei de fazer.
E posso lidar com suas interpretações.
Mas, por favor, não misture as duas coisas.

Marshall B. Rosenberg

Reflexão: Você concorda que rótulos positivos e negativos limitam nossa percepção da totalidade do ser da outra pessoa?

A Comunicação Não Violenta (CNV) é um poderoso modelo de comunicação, mas vai muito além disso: é um modo de ser, de pensar e viver.

O processo da CNV mostra como expressar sem disfarces quem somos e o que está vivo dentro de nós – sem qualquer crítica ou análise externa que insinue que o que sentimos está errado.

Esta abordagem da comunicação enfatiza que a motivação para agir é a compaixão, e não o medo, a vergonha, a culpa, a coerção, ameaça ou punição. Além disso, permite nos dizer com clareza o que está vivo em nós – sem análise ou crítica, e sem colocar a culpa no outro.

Distinguindo observações de avaliações

A tabela a seguir distingue observações isentas de avaliação daquelas que têm avaliações associadas.

Comunicação

Exemplo de observação com avaliação associada

Exemplo de observação isenta de observação

1. Usar o verbo ser sem indicar que a pessoa que avalia aceita a responsabilidade pela avaliação.

Você é grosseiro demais.

Quando vejo você fala com o outro com um tom de voz mais ríspido
Pode parecer grosseiro e afastar ou intimidar as pessoas ao seu redor.

2. Usar verbos de conotação avaliatória.

João vive deixando as suas atividades para última hora.

João só conclui suas apresentações minutos antes do início da reunião.

3. Implicar que as inferências de uma pessoa sobre os pensamentos, sentimentos, intenções ou desejos de outra são as únicas possíveis.

O trabalho dela não será aceito.

A falta de informações pode impactar na aceitação do trabalho.

4. Confundir previsão com certeza.

Se você não fizer refeições balanceadas, sua saúde ficara prejudicada.

Se você não fizer refeições balanceada, temo que sua saúde fique prejudicada.

5. Não ser específico a respeito das pessoas a quem se refere.

Nossos vizinhos são estranhos.

Nossos vizinhos não interagem conosco.

6. Usar palavras que denotam habilidade sem indicar que se está fazendo uma avaliação.

Jair é péssimo em Excel.

Na planilha que o Jair enviou, identifiquei alguns erros.

7. Usar advérbios e adjetivos de maneiras que não indicam que se está fazendo uma avaliação.

Carlos é muito chato.

Carlos fala bastante e fico cansada ao ouvi-lo.

Comunicação

Exemplo de observação com avaliação associada

Exemplo de observação isenta de avaliação

1. Usar o verbo ser sem indicar que a pessoa que avalia aceita a responsabilidade pela avaliação.

Você é generoso demais.

Quando vejo você dar para os outros todo o dinheiro do almoço, acho que está sendo generoso demais.

2. Usar verbos de conotação avaliatória.

João vive deixando as coisas para depois.

João só estuda na véspera das provas.

3. Implicar que as inferências de uma pessoa sobre os pensamentos, sentimentos, intenções ou desejos de outra são as únicas possíveis.

O trabalho dela não será aceito.

Acho que o trabalho dela não será aceito. Ou: Ela disse que o trabalho dela não será aceito.

4. Confundir previsão com certeza.

Se você não fizer refeições balanceadas, sua saúde ficara prejudicada.

Se você não fizer refeições balanceada, temo que sua saúde fique prejudicada.

5. Não ser específico a respeito das pessoas a quem se refere.

Os estrangeiros não cuidam da própria casa.

Não vi aquela família estrangeira da outra rua limpar a calcada.

6. Usar palavras que denotam habilidade sem indicar que se está fazendo uma avaliação.

Zequinha é péssimo jogador de futebol.

Em vinte partidas, Zequinha não marcou nenhum gol.

7. Usar advérbios e adjetivos de maneiras que não indicam que se está fazendo uma avaliação.

Carlos é feio.

A aparência de Carlos não me atrai.

Exercício: Observação ou avaliação?

Para determinar sua habilidade de discernir entre observações e avaliações, faça o exercício a seguir. Circule o número de qualquer afirmação que seja uma observação pura, sem nenhuma avaliação associada. Confira o gabarito na próxima página.

  1. Ontem, João estava com raiva de mim sem nenhum motivo.
  2. Ontem à noite, Lúcia roeu as unhas enquanto assistia à TV.
  3. Marcelo não pediu minha opinião durante a reunião.
  4. Meu pai é um homem bom.
  5. Maria trabalha demais.
  6. Luís é agressivo
  7. Cláudia foi a primeira da fila todos os dias desta semana.
  8. Meu filho frequentemente deixa de escovar os dentes.
  9. Antônio me disse que eu não fico bem de amarelo.
  10. Minha tia reclama de alguma coisa toda vez que falo com ela.

 Gabarito

  1. Se você circulou esse número, discordamos. Considero “sem nenhum motivo” uma avaliação. Também considero uma avaliação inferir que João estava com raiva. Ele podia estar magoado, amedrontado, triste ou outra coisa. Exemplos de observações sem avaliação poderiam ser “João me disse que estava com raiva” ou “João esmurrou a mesa”.
  2. Se você circulou esse número, estamos de acordo em que se fez uma observação à qual não estava associada nenhuma avaliação.
  1. Se você circulou esse número, estamos de acordo em que se fez uma observação à qual não estava associada nenhuma avaliação.
  1. Se você circulou esse número, discordamos. Considero “homem bom” uma avaliação. Uma observação sem avaliação poderia ser: “Durante os últimos 25 anos, meu pai tem doado um décimo de seu salário a obras de caridade”.
  1. Se você circulou esse número, discordamos. Considero “demais” uma avaliação. Uma observação sem avaliação poderia ser “Maria passou mais de sessenta horas no escritório esta semana”.
  1. Se você circulou esse número, discordamos. Considero “agressivo” uma avaliação. Uma observação sem avaliação poderia ser “Luís bateu na irmã quando ela mudou de canal”.
  1. Se você circulou esse número, estamos de acordo em que se fez uma observação à qual não estava associada nenhuma avaliação.
  1. Se você circulou esse número, discordamos. Considero “frequentemente” uma avaliação. Uma observação sem avaliação poderia ser “Esta semana, meu filho deixou duas vezes de escovar os dentes antes de dormir”.
  1. Se você circulou esse número, estamos de acordo em que se fez uma observação à qual não estava associada nenhuma avaliação.
  1. Se você circulou esse número, discordamos. Considero “reclama” uma avaliação. Uma observação sem avaliação poderia ser “Minha tia telefonou para mim três vezes esta semana, e em todas falou de pessoas que a trataram de alguma maneira que não a agradou”.

O tema deste e-book poderá ser trabalhado em palestra ou treinamentos in company contribuindo, desta forma, para que os participantes alcancem suas metas e objetivos profissionais e pessoais, ampliando ainda mais a saudabilidade de suas relações interpessoais.

REFERÊNCIAS

Rosenberg, Marshall. Vivendo a Comunicação Não Violenta. Rio de Janeiro: Sextante, 2019.

Rosenberg, Marshall. Comunicação Não Violenta. São Paulo: Ágora, 2006.

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